“Procuro não me apegar ao poder e nem ao dinheiro. Prefiro me aventurar em algo novo”.
Foi em 2011 que o publicitário Mario Cohen extraiu os primeiros litros da sua plantação de oliveiras em sua fazenda no Uruguai. Na ocasião, tomou seu primeiro banho em olio nuovo para celebrar a chegada do azeite artesanal Punta Lobos – um pequeno ritual que faz questão de repetir até hoje, sempre nos primeiros dias de colheita.
“Encho uma tigela
com o primeiro azeite colhido.
À noite, tomo um banho e
com uma esponja embebida em olio nuovo, esfrego o corpo e a cabeça e me deito.”
Italiano radicado no Brasil desde os anos 60, Mario sempre amou as oliveiras centenárias de sua casa na Toscana. Seu início na vida agrícola veio somente duas décadas depois de se apaixonar pelo campo uruguaio e construir por lá uma casa de veraneio.
Para se dedicar ao azeite Punta Lobos, ele deixou para trás a carreira de executivo, após passar por grandes empresas como Globo, TIM e Pirelli. A decisão não foi nada fácil. Se de um lado, estava o medo das mudanças, do outro estava a certeza de que precisava experimentar o novo.
Logo, o que começou como um hobby virou um negócio. A fazenda cresceu e hoje, produz 10 mil litros de azeite por ano. As 5 mil oliveiras de origem italiana e espanhola ganharam nova personalidade no intocado solo uruguaio. “O resultado é um puríssimo suco de azeitonas”, diz ele.
Mario acompanha todas as fases de sua plantação: a colheita em março, a poda em junho e a floração, que acontece entre setembro e novembro. Para isso, ele se divide entre as cidades de Punta e São Paulo, onde é dono da Galeria Mario Cohen, a primeira na América do Sul dedicada exclusivamente à fotografia.
Nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro procura reunir toda a família na belíssima casa no Uruguai. Mario tem quatro filhos que moram em lugares diferentes. Luca, o mais velho e que lhe deu Max, seu primeiro neto, é quem cuida da operação do Punta Lobos junto com a família.
O mundo agrícola trouxe um novo estilo de vida, a possibilidade de passar mais tempo com a família e a consciência com os ciclos da natureza.
“O principal ensinamento
é o de reaprender o significado do tempo.
Olhar para a lua, observar os ventos, esperar a chuva...”